Sintomas na
parte aérea das plantas de soja
Os sintomas da parte aérea, decorrentes da infecção por nematóide de cisto da soja, não são originais e podem ser confundidos por danos devido à compactação, por clorose devida a deficiência do ferro, por outras deficiências nutricionais, por stress hídrico, por dano de herbicidas, ou por outras doenças da planta. Freqüentemente, as perdas de produtividade devido ao nematóide de cisto da soja não são percebidas durante os primeiros anos, devido a ausência de sintomas na parte aérea, ou porque os sintomas foram atribuídos a algum outro problema da produção do soja.
Os sintomas da parte aérea, decorrentes da infecção por nematóide de cisto da soja, não são originais e podem ser confundidos por danos devido à compactação, por clorose devida a deficiência do ferro, por outras deficiências nutricionais, por stress hídrico, por dano de herbicidas, ou por outras doenças da planta. Freqüentemente, as perdas de produtividade devido ao nematóide de cisto da soja não são percebidas durante os primeiros anos, devido a ausência de sintomas na parte aérea, ou porque os sintomas foram atribuídos a algum outro problema da produção do soja.
O primeiro sintoma óbvio de infestação de nematóide
de cisto da soja nos campos de soja pode ser a presença de plantas bem menos
vigorosas, amareladas e raquíticas. Adicionalmente, as fileiras de soja em
lavouras infestadas freqüentemente demoram para fechar as entre-linhas. As
plantas que crescem em solos altamente infestados podem permanecer raquíticas
durante toda a estação de crescimento. Entretanto, as plantas amareladas e
raquíticas que aparecem em anos secos freqüentemente exibirão um ressurgimento
dramático do crescimento depois da volta das chuvas.
O amarelecimento das lavouras de soja devido aos
danos do NCS é confundido freqüentemente com a clorose por deficiência de
ferro, particularmente nas áreas com elevados pH no solos, onde a deficiência
do ferro é um problema. Entretanto, há umas diferenças entre os sintomas dos
dois problemas. Os sintomas da clorose por deficiência do ferro aparecerão cedo
na estação de crescimento, antes do florescimento da soja. O amarelecimento
devido aos danos do NCS ocorrerá mais tarde, na época da floração, ou após.
Além disso, amarelecimento devido a clorose por deficiência do ferro afeta
primeiramente as áreas entre as nervuras das folhas superiores (isto é as
nervuras permanecem verdes), e o amarelecimento devido ao NCS começa geralmente
nas margens das folhas, atingindo a planta inteira. Entretanto, o
amarelecimento por deficiência de ferro e pela infestação com nematóide de
cisto da soja pode ocorrer na mesma lavoura com sintomas de ambos ocorrendo na
mesma planta.
Como mencionado anteriormente, os sintomas dos
danos do NCS na parte aérea não ocorrem sempre consistentemente. Os sintomas
podem variar de severo a inexistente. A intensidade dos sintomas é influenciada
pela idade e pelo vigor das plantas da soja, pela densidade de população do
nematóide nos horizontes do solo, pela fertilidade do solo e pela umidade,
entre outras circunstâncias ambientais. Os danos do NCS geralmente são mais
severos em solos arenosos mas ocorrerão prontamente em todos os tipos de solo.
Não se pode confiar apenas nos sintomas da parte
aérea para a identificação de infestações do NCS. Se a produtividade da soja em
uma lavoura particular diminuir sem nenhuma razão aparente, ou se uma
infestação do NCS estiver confirmada em uma lavoura próxima, uma análise mais
completa nos sintomas do sistema radicular e uma análise de solo são
necessários.
Sintomas do sistema radicular
A maioria dos sintomas do ferimento do nematóide de
cisto da soja no sistema radicular também não são originais. As raízes
infectadas com o nematóide são raquíticas. O nematóide de cisto da soja diminui
também o número de nódulos de fixação do nitrogênio nas raízes, e a infecção
das raízes pelo nematóide de cisto da soja pode fazer as raízes mais
suscetíveis à infecção por outros patógenos do solo. Freqüentemente, é difícil
reconhecer raízes como raquíticas e tendo poucos nódulos, a menos que algumas
raízes não infectadas de soja estejam disponíveis para, lado a lado, fazer a
comparação.
O único sinal original da infecção por nematóide de
cisto da soja é a presença de cistos e de fêmeas adultas nas raízes do soja. As
fêmeas e os cistos aparecem como minúsculos objetos dados em forma de limão que
são brancos inicialmente mas variam em torno do amarelo, chegando a bronzeados
quando se maduros. As fêmeas e os cistos podem ser vistos a olho nú em raízes
infectadas, embora a observação com uma lente de aumento seja geralmente muito mais
fácil. As fêmeas e os cistos são muito menores do que os nódulos de fixação de
nitrogênio. As raízes devem ser escavadas do solo com cuidado, sem puxar, para
observar os nematóides nas raízes, se não muitas fêmeas e cistos podem
desalojar-se das raízes. A observação dos nematóides nas raízes de plantas de
soja infectadas é a ÚNICA maneira exata de diagnosticar infestações do
nematóide de cisto da soja no campo. Na maioria dos anos, tais diagnósticos
podem ser executados começando quatro a seis semanas após plantar e continuando
até o início da maturação da soja.
Ciclo de Vida
O ciclo de vida do nematóide de cisto da soja tem
três estágios principais: ovo, período juvenil, e adulto. O ciclo de vida pode
durar de 24 a 30 dias sob condições ótimas, no verão. Consequentemente, duas a
quatro gerações por estação de crescimento são possíveis. Os juvenis do
nematóide de cisto da soja na forma de larva eclodem dos ovos no solo quando os
níveis adequados da temperatura e de umidade ocorrem na primavera. A fase de juvenis
é o único estágio da vida do nematóide capaz de infectar raízes da soja. Os
juvenis eclodidos que não penetram nas raízes do hospedeiro e não começam a
alimentar-se morrerão de fome, por predação, ou pelo parasitismo dentro de
alguns dias ou semanas.
Após ter penetrado nas raízes da soja, os juvenis
movem-se dentro da raiz até encontrarem o tecido vascular. Lá param de
mover-se, perdem a maioria dos músculos de seu corpo, e começam a alimentar-se.
Para alimentar-se, os nematóides injetam as secreções que modificam algumas
células radiculares, transformado-as nos locais de alimentação especializados
chamados sincítios.
Enquanto os nematóides se alimentam, incham.
Geralmente, as fêmeas tornam-se tão inchadas que passam através do tecido da
raiz, ficando expostas na superfície da raiz. Os nematóides masculinos, que não
ficam inchados quando adultos, migram para fora das raízes e, no solo,
fertilizam as fêmeas adultas, que ficam com a forma de limão, nas raízes. Após
a fertilização, os machos morrem, mas as fêmeas permanecem unidas às raízes e
continuam a se alimentar. As fêmeas inchadas começam a produzir ovos,
inicialmente em uma massa ou saco de ovos fora do corpo e mais tarde dentro da
cavidade do corpo da fêmea. A cavidade inteira do corpo da fêmea adulta
torna-se cheia de ovos, e a fêmea morre. É o corpo da fêmea cheio de ovos que é
conhecido como cisto. Os cistos são desalojados das raízes e se tornam livres
no solo. As paredes do cisto tornam-se muito resistentes e fornecem a proteção
excelente para os 200 a 400 ovos ali contidos. Os ovos do nematóide de cisto da
soja sobrevivem dentro do cisto até que as circunstâncias se tornem apropriadas
para eclodir. Embora muitos dos ovos possam eclodir no primeiro ano, alguns
também sobreviverão dentro dos cistos por muitos anos.
Propagação
O nematóide de cisto da soja pode mover-se através
do solo somente algumas polegadas por ano com suas próprias forças. Entretanto,
pode ser espalhado a grandes distâncias, de maneiras variadas. Geralmente,
qualquer coisa que move mesmo quantidades pequenas de solo é capaz de
disseminar o nematóide de cisto da soja. A propagação pode ocorrer pelo solo
movido pela maquinaria da fazenda, pelos veículos e pelas ferramentas, pelo
vento, pelos animais, pela água, e pelos trabalhadores da fazenda. Torrões de
solo do tamanho de sementes, chamados ervilhas do solo, contaminam
freqüentemente a semente colhida em áreas infestadas. O nematóide de cisto da
soja pode ser espalhado se esta semente for plantada em lavouras não
infestadas. Há também evidências de que os cistos contendo ovos viáveis do
nematóide de cisto da soja que podem ser espalhados por pássaros. Obviamente,
somente algumas das formas de propagação deste nematóide podem ser impedidas.
Por exemplo, as enchentes no Meio-Oeste americano expandiram a distribuição do
nematóide de cisto da soja por toda a região.
Manejo
Na prática, o nematóide de cisto da soja nunca pode
ser eliminado do solo uma vez que está ali presente. Entretanto, há coisas que
podem ser feitas para controlar o nematóide a fim de maximizar rendimentos e
minimizar a reprodução do nematóide. As práticas de manejo para o nematóide de
cisto da soja estão classificadas em cinco categorias:
1. Minimizar
outros stresses na lavoura da soja
A umidade e a fertilidade adequadas permitem às
plantas suportar melhor a infecção pelo nematóide de cisto da soja.
Consequentemente, manter a fertilidade e o pH do solo em níveis apropriados é
mais crítico em áreas infestadas, do que em áreas não infestadas. Também, é
importante controlar outras doenças da planta bem com, as pragas e ervas
daninhas que enfraquecem as plantas e as fazem mais suscetíveis a redução no
rendimento por efeito do nematóide.
2. Minimizar
o movimento do solo no campo
As práticas comuns de sanidade podem ser muito
eficazes em impedir ou atrasar a propagação do nematóide de cisto da soja para
terras não infectadas. Se somente determinados campos em uma fazenda estão
infestadas, o cultivo e o plantio da área infestada devem ser feitos somente
depois que as áreas não infestadas forem trabalhadas. O equipamento deve ser
limpado completamente com água ou a vapor de alta pressão, se disponível, após
trabalhar em campos infestados. Também, não se deve usar a semente colhidas na
terra infestada para plantar a menos que a semente tenha sido corretamente
limpa. Como mencionado previamente, o nematóide de cisto da soja pode ser
espalhado pelos torrões na forma de ervilha associados às sementes. Entretanto,
a propagação do nematóide de cisto da soja através da semente comercializada é
extremamente improvável devido as tolerâncias estritas que os orgãos de
fiscalização tem com a semente fiscalizada.
3.
Resistência do hospedeiro
As variedades resistentes de soja constituem a
ferramenta mais eficaz disponível para o manejo do nematóide de cisto da soja.
Plantando soja resistente no solo infestado, a reprodução do nematóide é
suprimida. A maioria de nematóide de cisto da soja no período juvenil será
incapaz de alimentar-se e reproduzir-se nas raízes de variedades resistentes,
mas alguns nematóides sobreviverão e se reproduzirão. Uma conseqüência direta
da reprodução reduzida do nematóide na planta resistente da soja é o rendimento
melhorado.
Embora o nematóide de cisto da soja esteja presente
nos EUA desde 1952, até poucos anos atrás haviam poucas variedades de soja
resistentes ao nematóide de cisto da soja naquele país. Nos anos recentes,
entretanto, muitas variedades públicas e privadas foram liberadas. Quase todas
as variedades de soja resistentes ao nematóide de cisto da soja disponíveis em
Iowa obtiveram a resistência de " Peking " ou de " PI88788
". No Brasil, a presença de nematóide de cisto da soja é mais recente
(desde 1992), mas já são disponíveis variedades resistentes, especialmente para
a região Cento-Oeste.
4. Culturas não
hospedeiras
Embora o uso de variedades resistentes seja a
estratégia mais eficaz de manejo para o nematóide de cisto da soja, as mesmas
variedades resistentes ninca devem ser plantadas ano após ano. Se as mesmas
variedades resistentes forem plantadas por diversos anos em uma mesma área,
eventualmente uma população (ou raça) do nematóide de cisto da soja pode
tornar-se capaz de se reproduzir nas variedades resistentes (quebrando a
resistência). Os produtores são incentivados a alternar o uso de variedades de
soja com fontes diferentes de resistência ao nematóide de cisto da soja. Além
disso, recomenda-se que uma variedade de soja suscetível seja plantada depois
que todos os tipos de resistência disponível foram usados, para deslocar o
efeito do cultivo das variedades resistentes. Um esquema de rotação de culturas
e de cultivares de seis anos é recomendado, usando os dois tipos de resistência
da soja extensamente disponíveis conjuntamente com variedades suscetíveis e
culturas não hospedeiras, para o manejo integrado do nematóide de cisto da
soja. Os produtores devem consultar o pessoal da extensão do local, e os
representantes da companhia da semente adquirida, para a informação de
variedades resistentes apropriadas de soja e suas fontes da resistência ao nematóide
de cisto da soja ou para discutir outros aspectos de esquemas efetivos de
rotação de culturas.
Esquema geral recomendado para o manejo do
Nematóide de Cisto da Soja:
1º ano - cultura não hospedeira;
2º ano – variedade de soja com resistência do tipo
‘PI88788’;
3º ano - cultura não hospedeira;
4º ano - variedade de soja com resistência do tipo
‘Peking’;
5º ano - cultura não hospedeira;
6º ano – variedade de soja suscetível com alto
rendimento.
5. Culturas
não hospedeiras
O nematóide de cisto da soja é um parasita
obrigatório. O nematóide é incapaz de amadurecer-se e reproduzir na ausência de
raízes do hospedeiro. Consequentemente as densidades de população do nematóide
de cisto da soja declinam durante qualquer ano que se utilize culturas não
hospedeiras. Nos EUA, as culturas não hospedeiras mais comuns são a alfafa, o
milho, e a aveia, e as densidades do nematóide de cisto da soja declinam
similarmente quando qualquer uma destas três culturas são cultivadas em
lavouras infestadas. No Brasil, o milho é a cultura mais comum para se utilizar
neste esquema de rotação. As densidades de população do nematóide de cisto da
soja declinam geralmente de 10 a 50% durante um ano que uma cultura não
hospedeira é utilizada, mas o valor do declínio varia de ano a ano e é
extremamente influenciado por circunstâncias ambientais.
6.
Nematicidas
Existem nematicidas que são recomendados para o uso
no controle do nematóide de cisto da soja. Estes materiais freqüentemente não dão
o controle durante toda a estação. Quando aplicados no plantio, o efeito dos
nematicidas pode durar o suficiente para fornecer um benefício econômico com
relação a produtividade. Entretanto, no final da estação de crescimentoos a
quantidade de NCS podem ser tão elevada quanto, ou até mais alta, do que estava
no plantio. Nenhum nematicida matará todos os nematóide no solo. O desempenho
do nematicida dependerá das condições do solo, das temperaturas, e da
quantidade de chuvas. O benefício na produtividade não é garantido, e os
nematicidas são caros. Consequentemente, os produtores são recomendados a
considerar fatores econômicos, ambientais, e pessoais de saúde antes da
utilização de nematicidas para o manejo do nematóide de cisto da soja.
Fonte:
Ivan Schuster - Eng. Agr. DS Genética e Melhoramento. Pesquisador da Coodetec
(www.coodetec.com.br)