terça-feira, 17 de maio de 2011

Controle do greening: manejos regional e local

O controle de doenças como o greening na citricultura é complexo e cabe ao produtor buscar formas de manejo para manter a lavoura de maneira rentável

De acordo com dados fornecidos pela Embrapa, o greening é uma das mais destrutivas e antigas doenças da citricultura mundial, uma vez que seu primeiro relato ocorreu na China em 1919. Ao longo do tempo, a doença foi observada em outros países dos continentes Asiático, Africano, na Oceania e, no início do século XXI no continente Americano. No Brasil o primeiro relato ocorreu em 2004, na região de Araraquara em São Paulo e hoje a doença já se encontra em praticamente todos os municípios produtores do Estado.
Não existem estudos que comprovam, detalhadamente, como as bactérias da doença interferem no metabolismo da planta, provocando os prejuízos conhecidos. De forma simplista pode-se dizer que elas obstruem os vasos do floema, responsáveis por conduzir a seiva elaborada, impedindo assim, a distribuição da mesma. Com isso as árvores novas, quando contaminadas, não chegam a produzir frutos e as plantas adultas, ao serem contaminadas, rapidamente se tornam economicamente improdutivas. 
Recentemente o pesquisador Dr. Renato B. Bassanesi, do Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus) apresentou um dos mais importantes estudos para a doença. Sua pesquisa demonstrou, quantitativamente, que a melhor alternativa para o controle químico do psilídeo (transmissor do greening), e consequentemente da doença, ocorre quando o controle é realizado de forma conjunta e coordenado por todos os citricultores de uma região (também conhecido como manejo regional). Enquanto as iniciativas de controle químico de forma isolada e não coordenada (manejo local) apresentam menor eficiência.
O manejo regional deve ser feito em um mesmo momento, por todos os envolvidos, pois promove assim, a diminuição de áreas de refúgios dos psilídeos, dificulta a migração desses e possibilita que as reinfestações ocorram de maneira tardia, uma vez que elas dependerão de psilídeos vindos de áreas muito distantes.
Ainda de acordo com a pesquisa, os resultados mostram que após cinco anos de condução a área de manejo regional apresentou 4,6% de plantas infectadas, com produtividades crescentes e da ordem de 35 ton/ha. Em contrapartida a área de manejo local, mesmo recebendo tratamentos químicos idênticos ao da área de manejo regional, apresentou 53% de plantas infectadas, produtividade decrescente e da ordem de 10 ton/ha.
O controle de doenças como o greening na citricultura é complexo e cabe ao produtor buscar formas de manejo para manter a lavoura de maneira rentável.
Apostando cada vez mais na citricultura, Bayer CropScience tem colaborado com a difusão do conceito do manejo regional e incentivando a formação de grupos de produtores para a adoção do manejo adequado.  Dentro de seu portfólio, a empresa disponibiliza aos produtores, o inseticida Provado, que possui ação sistêmica (rápida penetração e distribuição na planta), prolongado período de proteção, além de elevado desempenho, o produto flexibiliza a modalidade de aplicação, uma vez que possui registro para aplicação terrestre e aérea.


domingo, 27 de março de 2011

Saiba mais sobre o Nematóide de Cisto da Soja

Os sintomas da infecção por nematóide de cisto da soja podem ser classificados em duas categorias: sintomas na parte aérea, e sintomas no sistema radicular. Na parte aérea os sintomas não são consistentes, e pode haver ausência de sintomas por diversos anos após a introdução do nematóide em uma lavoura. Os sintomas da parte aérea, quando presentes em uma lavoura, formam reboleiras circulares ou oblongas que variam de tamanho, podendo ocupar toda a lavoura. Quando os sintomas aparecem em um ponto localizado, os danos mais severos ocorrem geralmente no centro do ponto. Estes sintomas inicialmente podem aparecer perto de uma entrada da lavoura, onde a maquinaria da fazenda entre ou ao longo de uma linha da cerca onde o solo levado pelo vento pode se acumular.


Sintomas na parte aérea das plantas de soja

Os sintomas da parte aérea, decorrentes da infecção por nematóide de cisto da soja, não são originais e podem ser confundidos por danos devido à compactação, por clorose devida a deficiência do ferro, por outras deficiências nutricionais, por stress hídrico, por dano de herbicidas, ou por outras doenças da planta. Freqüentemente, as perdas de produtividade devido ao nematóide de cisto da soja não são percebidas durante os primeiros anos, devido a ausência de sintomas na parte aérea, ou porque os sintomas foram atribuídos a algum outro problema da produção do soja.
O primeiro sintoma óbvio de infestação de nematóide de cisto da soja nos campos de soja pode ser a presença de plantas bem menos vigorosas, amareladas e raquíticas. Adicionalmente, as fileiras de soja em lavouras infestadas freqüentemente demoram para fechar as entre-linhas. As plantas que crescem em solos altamente infestados podem permanecer raquíticas durante toda a estação de crescimento. Entretanto, as plantas amareladas e raquíticas que aparecem em anos secos freqüentemente exibirão um ressurgimento dramático do crescimento depois da volta das chuvas.
O amarelecimento das lavouras de soja devido aos danos do NCS é confundido freqüentemente com a clorose por deficiência de ferro, particularmente nas áreas com elevados pH no solos, onde a deficiência do ferro é um problema. Entretanto, há umas diferenças entre os sintomas dos dois problemas. Os sintomas da clorose por deficiência do ferro aparecerão cedo na estação de crescimento, antes do florescimento da soja. O amarelecimento devido aos danos do NCS ocorrerá mais tarde, na época da floração, ou após. Além disso, amarelecimento devido a clorose por deficiência do ferro afeta primeiramente as áreas entre as nervuras das folhas superiores (isto é as nervuras permanecem verdes), e o amarelecimento devido ao NCS começa geralmente nas margens das folhas, atingindo a planta inteira. Entretanto, o amarelecimento por deficiência de ferro e pela infestação com nematóide de cisto da soja pode ocorrer na mesma lavoura com sintomas de ambos ocorrendo na mesma planta.
Como mencionado anteriormente, os sintomas dos danos do NCS na parte aérea não ocorrem sempre consistentemente. Os sintomas podem variar de severo a inexistente. A intensidade dos sintomas é influenciada pela idade e pelo vigor das plantas da soja, pela densidade de população do nematóide nos horizontes do solo, pela fertilidade do solo e pela umidade, entre outras circunstâncias ambientais. Os danos do NCS geralmente são mais severos em solos arenosos mas ocorrerão prontamente em todos os tipos de solo.
Não se pode confiar apenas nos sintomas da parte aérea para a identificação de infestações do NCS. Se a produtividade da soja em uma lavoura particular diminuir sem nenhuma razão aparente, ou se uma infestação do NCS estiver confirmada em uma lavoura próxima, uma análise mais completa nos sintomas do sistema radicular e uma análise de solo são necessários.


Sintomas do sistema radicular

A maioria dos sintomas do ferimento do nematóide de cisto da soja no sistema radicular também não são originais. As raízes infectadas com o nematóide são raquíticas. O nematóide de cisto da soja diminui também o número de nódulos de fixação do nitrogênio nas raízes, e a infecção das raízes pelo nematóide de cisto da soja pode fazer as raízes mais suscetíveis à infecção por outros patógenos do solo. Freqüentemente, é difícil reconhecer raízes como raquíticas e tendo poucos nódulos, a menos que algumas raízes não infectadas de soja estejam disponíveis para, lado a lado, fazer a comparação.
O único sinal original da infecção por nematóide de cisto da soja é a presença de cistos e de fêmeas adultas nas raízes do soja. As fêmeas e os cistos aparecem como minúsculos objetos dados em forma de limão que são brancos inicialmente mas variam em torno do amarelo, chegando a bronzeados quando se maduros. As fêmeas e os cistos podem ser vistos a olho nú em raízes infectadas, embora a observação com uma lente de aumento seja geralmente muito mais fácil. As fêmeas e os cistos são muito menores do que os nódulos de fixação de nitrogênio. As raízes devem ser escavadas do solo com cuidado, sem puxar, para observar os nematóides nas raízes, se não muitas fêmeas e cistos podem desalojar-se das raízes. A observação dos nematóides nas raízes de plantas de soja infectadas é a ÚNICA maneira exata de diagnosticar infestações do nematóide de cisto da soja no campo. Na maioria dos anos, tais diagnósticos podem ser executados começando quatro a seis semanas após plantar e continuando até o início da maturação da soja.


Ciclo de Vida

O ciclo de vida do nematóide de cisto da soja tem três estágios principais: ovo, período juvenil, e adulto. O ciclo de vida pode durar de 24 a 30 dias sob condições ótimas, no verão. Consequentemente, duas a quatro gerações por estação de crescimento são possíveis. Os juvenis do nematóide de cisto da soja na forma de larva eclodem dos ovos no solo quando os níveis adequados da temperatura e de umidade ocorrem na primavera. A fase de juvenis é o único estágio da vida do nematóide capaz de infectar raízes da soja. Os juvenis eclodidos que não penetram nas raízes do hospedeiro e não começam a alimentar-se morrerão de fome, por predação, ou pelo parasitismo dentro de alguns dias ou semanas.
Após ter penetrado nas raízes da soja, os juvenis movem-se dentro da raiz até encontrarem o tecido vascular. Lá param de mover-se, perdem a maioria dos músculos de seu corpo, e começam a alimentar-se. Para alimentar-se, os nematóides injetam as secreções que modificam algumas células radiculares, transformado-as nos locais de alimentação especializados chamados sincítios.
Enquanto os nematóides se alimentam, incham. Geralmente, as fêmeas tornam-se tão inchadas que passam através do tecido da raiz, ficando expostas na superfície da raiz. Os nematóides masculinos, que não ficam inchados quando adultos, migram para fora das raízes e, no solo, fertilizam as fêmeas adultas, que ficam com a forma de limão, nas raízes. Após a fertilização, os machos morrem, mas as fêmeas permanecem unidas às raízes e continuam a se alimentar. As fêmeas inchadas começam a produzir ovos, inicialmente em uma massa ou saco de ovos fora do corpo e mais tarde dentro da cavidade do corpo da fêmea. A cavidade inteira do corpo da fêmea adulta torna-se cheia de ovos, e a fêmea morre. É o corpo da fêmea cheio de ovos que é conhecido como cisto. Os cistos são desalojados das raízes e se tornam livres no solo. As paredes do cisto tornam-se muito resistentes e fornecem a proteção excelente para os 200 a 400 ovos ali contidos. Os ovos do nematóide de cisto da soja sobrevivem dentro do cisto até que as circunstâncias se tornem apropriadas para eclodir. Embora muitos dos ovos possam eclodir no primeiro ano, alguns também sobreviverão dentro dos cistos por muitos anos.

Propagação

O nematóide de cisto da soja pode mover-se através do solo somente algumas polegadas por ano com suas próprias forças. Entretanto, pode ser espalhado a grandes distâncias, de maneiras variadas. Geralmente, qualquer coisa que move mesmo quantidades pequenas de solo é capaz de disseminar o nematóide de cisto da soja. A propagação pode ocorrer pelo solo movido pela maquinaria da fazenda, pelos veículos e pelas ferramentas, pelo vento, pelos animais, pela água, e pelos trabalhadores da fazenda. Torrões de solo do tamanho de sementes, chamados ervilhas do solo, contaminam freqüentemente a semente colhida em áreas infestadas. O nematóide de cisto da soja pode ser espalhado se esta semente for plantada em lavouras não infestadas. Há também evidências de que os cistos contendo ovos viáveis do nematóide de cisto da soja que podem ser espalhados por pássaros. Obviamente, somente algumas das formas de propagação deste nematóide podem ser impedidas. Por exemplo, as enchentes no Meio-Oeste americano expandiram a distribuição do nematóide de cisto da soja por toda a região.

Manejo

Na prática, o nematóide de cisto da soja nunca pode ser eliminado do solo uma vez que está ali presente. Entretanto, há coisas que podem ser feitas para controlar o nematóide a fim de maximizar rendimentos e minimizar a reprodução do nematóide. As práticas de manejo para o nematóide de cisto da soja estão classificadas em cinco categorias:
1. Minimizar outros stresses na lavoura da soja
A umidade e a fertilidade adequadas permitem às plantas suportar melhor a infecção pelo nematóide de cisto da soja. Consequentemente, manter a fertilidade e o pH do solo em níveis apropriados é mais crítico em áreas infestadas, do que em áreas não infestadas. Também, é importante controlar outras doenças da planta bem com, as pragas e ervas daninhas que enfraquecem as plantas e as fazem mais suscetíveis a redução no rendimento por efeito do nematóide.
2. Minimizar o movimento do solo no campo
As práticas comuns de sanidade podem ser muito eficazes em impedir ou atrasar a propagação do nematóide de cisto da soja para terras não infectadas. Se somente determinados campos em uma fazenda estão infestadas, o cultivo e o plantio da área infestada devem ser feitos somente depois que as áreas não infestadas forem trabalhadas. O equipamento deve ser limpado completamente com água ou a vapor de alta pressão, se disponível, após trabalhar em campos infestados. Também, não se deve usar a semente colhidas na terra infestada para plantar a menos que a semente tenha sido corretamente limpa. Como mencionado previamente, o nematóide de cisto da soja pode ser espalhado pelos torrões na forma de ervilha associados às sementes. Entretanto, a propagação do nematóide de cisto da soja através da semente comercializada é extremamente improvável devido as tolerâncias estritas que os orgãos de fiscalização tem com a semente fiscalizada.
3. Resistência do hospedeiro
As variedades resistentes de soja constituem a ferramenta mais eficaz disponível para o manejo do nematóide de cisto da soja. Plantando soja resistente no solo infestado, a reprodução do nematóide é suprimida. A maioria de nematóide de cisto da soja no período juvenil será incapaz de alimentar-se e reproduzir-se nas raízes de variedades resistentes, mas alguns nematóides sobreviverão e se reproduzirão. Uma conseqüência direta da reprodução reduzida do nematóide na planta resistente da soja é o rendimento melhorado.
Embora o nematóide de cisto da soja esteja presente nos EUA desde 1952, até poucos anos atrás haviam poucas variedades de soja resistentes ao nematóide de cisto da soja naquele país. Nos anos recentes, entretanto, muitas variedades públicas e privadas foram liberadas. Quase todas as variedades de soja resistentes ao nematóide de cisto da soja disponíveis em Iowa obtiveram a resistência de " Peking " ou de " PI88788 ". No Brasil, a presença de nematóide de cisto da soja é mais recente (desde 1992), mas já são disponíveis variedades resistentes, especialmente para a região Cento-Oeste.
4. Culturas não hospedeiras
Embora o uso de variedades resistentes seja a estratégia mais eficaz de manejo para o nematóide de cisto da soja, as mesmas variedades resistentes ninca devem ser plantadas ano após ano. Se as mesmas variedades resistentes forem plantadas por diversos anos em uma mesma área, eventualmente uma população (ou raça) do nematóide de cisto da soja pode tornar-se capaz de se reproduzir nas variedades resistentes (quebrando a resistência). Os produtores são incentivados a alternar o uso de variedades de soja com fontes diferentes de resistência ao nematóide de cisto da soja. Além disso, recomenda-se que uma variedade de soja suscetível seja plantada depois que todos os tipos de resistência disponível foram usados, para deslocar o efeito do cultivo das variedades resistentes. Um esquema de rotação de culturas e de cultivares de seis anos é recomendado, usando os dois tipos de resistência da soja extensamente disponíveis conjuntamente com variedades suscetíveis e culturas não hospedeiras, para o manejo integrado do nematóide de cisto da soja. Os produtores devem consultar o pessoal da extensão do local, e os representantes da companhia da semente adquirida, para a informação de variedades resistentes apropriadas de soja e suas fontes da resistência ao nematóide de cisto da soja ou para discutir outros aspectos de esquemas efetivos de rotação de culturas.
Esquema geral recomendado para o manejo do Nematóide de Cisto da Soja:
1º ano - cultura não hospedeira;
2º ano – variedade de soja com resistência do tipo ‘PI88788’;
3º ano - cultura não hospedeira;
4º ano - variedade de soja com resistência do tipo ‘Peking’;
5º ano - cultura não hospedeira;
6º ano – variedade de soja suscetível com alto rendimento.
5. Culturas não hospedeiras
O nematóide de cisto da soja é um parasita obrigatório. O nematóide é incapaz de amadurecer-se e reproduzir na ausência de raízes do hospedeiro. Consequentemente as densidades de população do nematóide de cisto da soja declinam durante qualquer ano que se utilize culturas não hospedeiras. Nos EUA, as culturas não hospedeiras mais comuns são a alfafa, o milho, e a aveia, e as densidades do nematóide de cisto da soja declinam similarmente quando qualquer uma destas três culturas são cultivadas em lavouras infestadas. No Brasil, o milho é a cultura mais comum para se utilizar neste esquema de rotação. As densidades de população do nematóide de cisto da soja declinam geralmente de 10 a 50% durante um ano que uma cultura não hospedeira é utilizada, mas o valor do declínio varia de ano a ano e é extremamente influenciado por circunstâncias ambientais.
6. Nematicidas
Existem nematicidas que são recomendados para o uso no controle do nematóide de cisto da soja. Estes materiais freqüentemente não dão o controle durante toda a estação. Quando aplicados no plantio, o efeito dos nematicidas pode durar o suficiente para fornecer um benefício econômico com relação a produtividade. Entretanto, no final da estação de crescimentoos a quantidade de NCS podem ser tão elevada quanto, ou até mais alta, do que estava no plantio. Nenhum nematicida matará todos os nematóide no solo. O desempenho do nematicida dependerá das condições do solo, das temperaturas, e da quantidade de chuvas. O benefício na produtividade não é garantido, e os nematicidas são caros. Consequentemente, os produtores são recomendados a considerar fatores econômicos, ambientais, e pessoais de saúde antes da utilização de nematicidas para o manejo do nematóide de cisto da soja.

Fonte: Ivan Schuster - Eng. Agr. DS Genética e Melhoramento. Pesquisador da Coodetec (www.coodetec.com.br)